segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Filosofia x Ciência

Principais diferenças: 

1 - Método.

O método científico é o hipotético-dedutivo (Popper).
A Filosofia tem vário métodos, sendo a dialética o principal.

2 - Conhecimento.

O conhecimento científico se baseia no empírico, se utilizando da experimentação e da observação.

O conhecimento filosófico se baseia puramente na razão, não precisando ser posto à prova materialmente.

3 - Demais.

A Ciência tenta explicar como é o mundo.

A Filosofia tenta explicar o que é o mundo.


Textos comparativos:

A filosofia é uma ciência?

Miguel Duclós 

Eu diria que atualmente não, embora essa distinção entre filosofia e ciência tenha surgido com o desenvolvimento da ciência moderna, a partir do século XVII. Os termos se confundiam. Veja o caso da herança platônica: existe toda uma argumentação para embasar que através da filosofia, do método dialético, o homem pode chegar à conhecer, pode chegar à epistem (ciência) se livrando do reino da doxa (opinião).

Mesmo na Idade Moderna, o diálogo entre filosofia e ciência é bastante próximo. Descartes era um matemático, por exemplo, e investigou o problema do método para dirigir a razão e procurar a verdade nas ciências. Então, a necessidade científica do método, por exemplo, tem uma origem filosófica.

Mas a filosofia busca uma unidade do conhecimento, ao contrário da especificidade da ciência, e por isso leva em conta também questões morais e de valor, sendo muito mais propensa a verdades não assertivas, ou sistemas especulativos. O método científico busca uma validação na experiência, uma prova. A ciência natural se baseia nos fenômenos, e depende da repetição de fenômenos para formular seus postulados. A investigação filosófica pode se preocupar com o próprio limite do ato de conhecer, e especular sobre o mundo além dos fenômenos, nos limites da razão, porém.

Contenporaneamente a filosofia tem dialogado com a ciência a partir das correntes da epitesmologia. A epistemologia se preocupa com a validade do conhecimento científico, com o ato de conhecer, com os limites, com a formulação de teorias. Existem várias correntes que coexistem divergindo: os pragmatistas, os realistas, os idealistas, por exemplo. A ciência formula teses mas adota paradigmas, de acordo com um critério de validade. Porém essa posição privilegiada da filosofia de julgar o conhecimento científico tem sido muito questionada. Rorty, que quer aproximar a filosofia da literatura, por exemplo, é um dos críticos.

 Munaretti

Quando analisamos o surgimento das ciências, o que evidenciamos? Evidenciamos que elas surgiram em forma de interpretação da natureza, e esta interpretação é a tentativa de responder à uma determinada pergunta. E quem fez esta pergunta? O filósofo.
Enquanto a ciência tenta colocar pontos finais após suas proposições, e isso quer dizer que ela procura desde sempre uma resposta objetiva, necessária e universalmente válida, a filosofia coloca pontos de interrogação após suas proposições. A filosofia pergunta, a ciência TENTA responder. A origem de toda ciência está nas perguntas filosóficas, e a filosofia questiona incessantemente a ciência. Não teríamos todo o suposto progresso científico, se por exemplo filósofos como Kant e Hume não tivessem levantado as questões sobre a causalidade, sobre a veracidade dos fenômenos, sobre o espaço e o tempo. Em muitos casos a ciência dá muita matéria para os filósofos abordarem, pois nem a ciência tem sempre uma resposta última, ela sempre é refutada, ou por si mesma, ou pela filosofia.
A filosofia não é uma ciência, absolutamente, embora muitos tenham tentado atribuir à ela a objetividade de uma ciência da natureza, isso não foi possível, pois nenhum cálculo responde o que é liberdade, nenhuma experimentação resolve o problema da ética, nenhuma máquina comprova a existência do mundo exterior, nenhuma inferência lógica evidencia o grau de conhecimento do ser humano. Mas ambos, o cientista e o filósofo procuram por respostas, só que as respostas para as perguntas filosóficas são mais difíceis de encontrar, por que elas são céticas, elas não supõem uma realidade indubitável, elas questionam a própria realidade. O filósofo não vai para o laboratório (ou até pode ir por curiosidade) fazer experimentos genéticos, ou causar choque entre partículas, mas toma estes elementos e faz questionamentos que procuram um alcance maior do que a mera experimentação.

2 comentários: