As regiões Brasileiras
O Brasil é um país com enorme extensão territorial, apresenta área de 8.514.876 Km2, sendo seu território dividido em regiões.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão responsável pela divisão regional do território brasileiro. Para reunir estados em uma mesma região são utilizados critérios como semelhanças nos aspectos físicos, humanos, culturais, sociais e econômicos.
Muitas divisões regionais do território brasileiro já foram estabelecidas ao longo da história, atualmente está em vigor a divisão estabelecida no ano de 1970, que é composta por cinco regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão responsável pela divisão regional do território brasileiro. Para reunir estados em uma mesma região são utilizados critérios como semelhanças nos aspectos físicos, humanos, culturais, sociais e econômicos.
Muitas divisões regionais do território brasileiro já foram estabelecidas ao longo da história, atualmente está em vigor a divisão estabelecida no ano de 1970, que é composta por cinco regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste.
Divisão regional do Brasil
A região Centro-Oeste é composta pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal. Sua área é de 1.604.850 Km2, ocupando aproximadamente 18,8% do território do Brasil, tendo a segunda maior extensão territorial entre as Regiões brasileiras, sendo menor apenas que a Região Norte. Conforme contagem populacional realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total do Centro-Oeste é de 13.895.375, com densidade demográfica de 8,6 habitantes por quilômetro quadrado.
O Nordeste brasileiro é formado pelos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Sua área é de 1.554.257,0 Km2. Abriga uma população de aproximadamente 53.591.197 habitantes, esses estão distribuídos em nove estados. O grande número de cidades litorâneas com belas praias contribui para o desenvolvimento do turismo na região.
A região Norte é composta pelos Estados de Roraima, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. Está localizada entre o maciço das Guianas, ao norte; o planalto Central, ao sul; a cordilheira dos Andes, a oeste; e o oceano Atlântico, a noroeste. Sua extensão territorial é de 3.853.397,2 Km2, sendo a maior região do Brasil, corresponde a aproximadamente 42% do território nacional. Possui uma população de cerca de 15,3 milhões de habitantes.
Os Estados que formam a região Sudeste são: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Situa-se na parte mais elevada do planalto Atlântico, onde estão as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. Sua extensão territorial é de 924.511,3 Km2. Abriga uma população de 80.915.332 habitantes, correspondendo a 40% da população brasileira. A densidade demográfica é de 87,5 habitantes por quilômetro quadrado, sendo a região brasileira mais populosa e povoada.
O Sul do Brasil é formado pelos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Sua extensão territorial é de 576.409,6 Km2. Sua população é estimada em 27,7 milhões de habitantes.
O Nordeste brasileiro é formado pelos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Sua área é de 1.554.257,0 Km2. Abriga uma população de aproximadamente 53.591.197 habitantes, esses estão distribuídos em nove estados. O grande número de cidades litorâneas com belas praias contribui para o desenvolvimento do turismo na região.
A região Norte é composta pelos Estados de Roraima, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. Está localizada entre o maciço das Guianas, ao norte; o planalto Central, ao sul; a cordilheira dos Andes, a oeste; e o oceano Atlântico, a noroeste. Sua extensão territorial é de 3.853.397,2 Km2, sendo a maior região do Brasil, corresponde a aproximadamente 42% do território nacional. Possui uma população de cerca de 15,3 milhões de habitantes.
Os Estados que formam a região Sudeste são: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Situa-se na parte mais elevada do planalto Atlântico, onde estão as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. Sua extensão territorial é de 924.511,3 Km2. Abriga uma população de 80.915.332 habitantes, correspondendo a 40% da população brasileira. A densidade demográfica é de 87,5 habitantes por quilômetro quadrado, sendo a região brasileira mais populosa e povoada.
O Sul do Brasil é formado pelos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Sua extensão territorial é de 576.409,6 Km2. Sua população é estimada em 27,7 milhões de habitantes.
A econômia agroexportadora brasileira
A atividade de mineração (séc XVIII) entra em crise, uma vez que máquinas começam a ser necessárias para extrair os minérios.
Começa então a era cafeeira (introduzida no Rio). Dentre os estados, São Paulo foi o que mais se destacou, principalmente por causa de terra roxa, oriunda da rocha basáltica (final séc XVIII; início XIX)
Desde o final do século XVIII a lavoura foi desenvolvida no vale da Paraíba do Sul. Nessa região a lavoura cafeeira desenvolveu-se em sesmarias e era usada mão de obra escrava.
Começa então a era cafeeira (introduzida no Rio). Dentre os estados, São Paulo foi o que mais se destacou, principalmente por causa de terra roxa, oriunda da rocha basáltica (final séc XVIII; início XIX)
Desde o final do século XVIII a lavoura foi desenvolvida no vale da Paraíba do Sul. Nessa região a lavoura cafeeira desenvolveu-se em sesmarias e era usada mão de obra escrava.
LAVOURA CAFEEIRA
-desenvolve-se nas sesmarias
-mão de obra escravista
-fim das sesmarias (1820)
-desenvolve-se nas sesmarias
-mão de obra escravista
-fim das sesmarias (1820)
No período da lavoura cafeeira do Vale do Paraíba o poder dos senhores de café era medido pelo número de escravos que o mesmo possuía. Em 1850 a Lei Eusébio de Queirós provocou aumento do patrimônio dos barões de café. Também em 1850 a Lei de Terras determina que a aquisição da terra poderia ser apenas através da compra. Com essa lei a lavoura cafeeira estendeu-se para o oeste paulista.
Em certa época os barões não tinham onde plantar café e não invadiam terras receando perder os investimentos feitos. Além disso, existe os problemas morais. É mais ou menos nessa época que o poder dos fazendeiros passa a ser medido pelo tamanho das terras.
Em certa época os barões não tinham onde plantar café e não invadiam terras receando perder os investimentos feitos. Além disso, existe os problemas morais. É mais ou menos nessa época que o poder dos fazendeiros passa a ser medido pelo tamanho das terras.
LAVOURA CAFEEIRA (passa por crises cíclicas por causa da superprodução)
-As fazendas do Oeste Paulista são baseadas na compra de terra.
-O relevo suave do Oeste Paulista favorece a ocorrência de grandes áreas.
-O tamanho da terra é agora referencial do poder econômico
-Com a expansão da lavoura cafeeira pelo oeste paulista houve aumento da produção de café.
-Com o aumento da produção a lavoura cafeeira passa por sucessivas crises.
-Com as crises, surgem alguns investimentos na indústria.
-A grande crise do café ocorre em 1929/30, devido a crise da bolsa de valores de Nova Iorque.
-Com a crise de 29, a economia brasileira muda de agroexportadora para uma economia urbano-industrial.
-As fazendas do Oeste Paulista são baseadas na compra de terra.
-O relevo suave do Oeste Paulista favorece a ocorrência de grandes áreas.
-O tamanho da terra é agora referencial do poder econômico
-Com a expansão da lavoura cafeeira pelo oeste paulista houve aumento da produção de café.
-Com o aumento da produção a lavoura cafeeira passa por sucessivas crises.
-Com as crises, surgem alguns investimentos na indústria.
-A grande crise do café ocorre em 1929/30, devido a crise da bolsa de valores de Nova Iorque.
-Com a crise de 29, a economia brasileira muda de agroexportadora para uma economia urbano-industrial.
ECONOMIA URBANO-INDUSTRIAL
Histórico
-Proibido a partir de 1758 (proíbe a indústria, pois Portugal queria que nós comprássemos das indústrias européias)
-Liberado em 1808 (a família real vem ao Brasil e abre portos as nações amigas e libera a produção industrial)
-1818 surge a primeira indústria têxtil do Brasil no Rio de Janeiro
-Durante o ciclo do café os investimentos no setor industrial foi pequeno
-Com a crise de 29 houve maior interesse pela atividade industrial e a economia passa por grandes mudanças.
-Durante e pós 2° Guerra aumentou os investimentos no setor e nossa economia se firma como urbano-industrial
-No governo de Getúlio Vargas surge a siderurgia CSN
-No governo de JK aumenta a participação do capital externo com a indústria automobilística.
-No governo militar ocorre o chamada "Milagre Brasileiro".
-Na década de 80 houve uma estagnação da atividade industrial
-Nos anos 90 ocorre maior presença do produto e do capital externo.
-Liberado em 1808 (a família real vem ao Brasil e abre portos as nações amigas e libera a produção industrial)
-1818 surge a primeira indústria têxtil do Brasil no Rio de Janeiro
-Durante o ciclo do café os investimentos no setor industrial foi pequeno
-Com a crise de 29 houve maior interesse pela atividade industrial e a economia passa por grandes mudanças.
-Durante e pós 2° Guerra aumentou os investimentos no setor e nossa economia se firma como urbano-industrial
-No governo de Getúlio Vargas surge a siderurgia CSN
-No governo de JK aumenta a participação do capital externo com a indústria automobilística.
-No governo militar ocorre o chamada "Milagre Brasileiro".
-Na década de 80 houve uma estagnação da atividade industrial
-Nos anos 90 ocorre maior presença do produto e do capital externo.
*Indústria nasce num ambiente não propício, uma vez que o café estava em alta. Porém, ela sobrevive porque o café passa por crises cíclicas
*Indústria não passa a ser a principal atividade econômica de uma hora para a outra. Com a crise do café, é injetado dinheiro. Na crise de 29, mais dinheiro é aplicado e durante e pós 2° guerra mundial há um maciço investimento na indústria.
*Indústria não passa a ser a principal atividade econômica de uma hora para a outra. Com a crise do café, é injetado dinheiro. Na crise de 29, mais dinheiro é aplicado e durante e pós 2° guerra mundial há um maciço investimento na indústria.
ECONOMIA BRASILEIRA
De 1530 à 1930 (4 séc) - economia Agroexportadora - o campo produz para exportar
De 1930 à hoje (70 anos) - economia Urbano Industrial - indústria (voltada para mercado externo) é responsável por formar cidades.
*A crise do café é a principal responsável pela mudança na economia
*Durante os 4 séculos, nossa economia foi Agroexportadora, que esteve isolada no tempo e no espaço. Em cada tempo gira em torno de um só produto. Nossa economia era caracterizada por um Arquipélago Econômico.
*Embora era isolada internamente, nós sempre estivemos ligados com o mundo, uma vez que através do pacto colonial dava-nos matéria prima em troca de produtos manufaturados. Nossa economia era internacionalizada (ligada a economia do resto do mundo). Coma a chegada da indústria, diminui a internacionalização. A economia passa de Arquipélago para Integrada. Cada região tem seu papel, que é desempenhado ao mesmo tempo.
*De certa forma nossa internacionalização continua. "Deixamos de importar mercadorias" e passamos a importar dinheiro e tecnologia.
De 1930 à hoje (70 anos) - economia Urbano Industrial - indústria (voltada para mercado externo) é responsável por formar cidades.
*A crise do café é a principal responsável pela mudança na economia
*Durante os 4 séculos, nossa economia foi Agroexportadora, que esteve isolada no tempo e no espaço. Em cada tempo gira em torno de um só produto. Nossa economia era caracterizada por um Arquipélago Econômico.
*Embora era isolada internamente, nós sempre estivemos ligados com o mundo, uma vez que através do pacto colonial dava-nos matéria prima em troca de produtos manufaturados. Nossa economia era internacionalizada (ligada a economia do resto do mundo). Coma a chegada da indústria, diminui a internacionalização. A economia passa de Arquipélago para Integrada. Cada região tem seu papel, que é desempenhado ao mesmo tempo.
*De certa forma nossa internacionalização continua. "Deixamos de importar mercadorias" e passamos a importar dinheiro e tecnologia.
No sudeste, o complexo cafeeiro exportador era o núcleo do principal mercado regional do país. O café já tinha deixado a fase escravista e ingressado na fase capitalista, promovendo um desenvolvimento sem precedentes da infra-estrutura de transportes e urbanização. O espaço cafeeiro gerava economias complementares na sua periferia. As áreas não cafeeiras de Minas Gerais, as áreas coloniais do sul e as áreas de pecuária do Centro-Oeste ligavam-se cada vez mais ao pólo cafeeiro paulista.
No sul, a imigração alemã, italiana e eslava tinha promovido o aparecimento de importantes centros agrícolas no vale do Itajaí (Sc), nos arredores de Curitiba (Pr) e nas serras gaúchas. Essas áreas aumentavam as suas exportações agrícolas para São Paulo. Em Minas Gerais, as velhas decadentes regiões mineradoras tinham regredido para a pequena produção agrícola. Além de alimentos, essas áreas forneciam mão-de-obra para a economia paulista. Nos cerrados do Centro-Oeste, uma pecuária ultra-extensiva sustentava o povoamento rarefeito e já fornecia carne bovina para o pólo cafeeiro.
Nordeste constituía outro pólo exportador, organizado em torno da cana e do algodão. A produção canavieira, após uma prolongada decadência, vivia um surto de prosperidade ligado às transformações tecnológicas que culminaram com a substituição do engenho pela usina. A produção algodoeira, ao contrário, tinha conhecido sua época de ouro algumas décadas antes em função da desorganização das exportações americanas provocadas pela guerra da secessão. A volta do algodão americano aos mercados internacionais atingira a produção nordestina, ocasionando grande depressão.
A Amazônia sediava o pólo exportador de borracha, cuja importância se restringiu ao período 1870-1920. As grandes exportações de borracha natural para a Europa e os Estados Unidos tinham atraído levas de migrantes nordestinos para a Amazônia ocidental. O sistema de produção, baseado no controle das matas e dos seringais pelas companhias exportadoras, impediu qualquer acumulação interna da riqueza gerada pelas exportações. Ao contrário do ciclo cafeeiro, o surto da borracha não criou as bases para o desenvolvimento regional e nem sequer dinamizou um importante mercado regional.
A industrialização acelerada dos anos 1930-1960 rompeu o isolamento dos mercados regionais, criando um mercado interno nacional. Os manufaturados do sudeste, produzidos com tecnologia superior e em escala industrial, invadiram todo o país.
A competição desigual com as mercadorias fabricadas nas outras regiões resultou na forte concentração de capitais e infra-estrutura no sudeste. Nasciam os "desequilíbrios regionais" de desenvolvimento.
REGIONALIZAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS
Além de servir como base para levantamento estatístico e para o aprendizado de geografia nas escolas, a regionalização serve também para orientar as políticas territoriais do estado. Governos municipais, estaduais e federais delimitam unidades regionais dentro de seu território como forma de racionalizar os investimentos e incentivar ou desincentivar setores econômicos. Nesse caso, a regionalização se torna um instrumento das políticas de planejamento.
Muitos critérios podem ser utilizados na definição de uma região de planejamento. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo criou um órgão federal (Tennessee Valley Authority) cuja função era a recuperação econômica e social da bacia do rio Tennessee. No Brasil existe a companhia de desenvolvimento do vale do São Francisco ( CODEVASF ) e a superintendência do desenvolvimento do vale do Paraíba do Sul (SUDEVAP) com funções similares. Nesses casos, a natureza ( bacias hidrográficas ) serviu de critério na delimitação das regiões de intervenção. Por outro lado, existem organismos de planejamento regional cujo raio de ação se restringe aos limites de um município ou de uma região definida segundo critérios geoeconômicos: é o caso, respectivamente, da superintendência da Zona fraca de Manaus ( SUFRAMA ) e da superintendência de desenvolvimento do Nordeste ( SUDENE ).
As regiões de planejamento, sejam elas naturais ou geoeconômicas, são sempre unidades territoriais sujeitas a programas específicos de intervenção por parte do estado. Elas são criadas para corrigir desequilíbrios regionais originado no processo de crescimento econômico de um país.
O acelerado crescimento econômico que marcou o governo de Juscelino Kubitschek ( 1956-1961 ) teve como resultado o aumento da concentração espacial da produção industrial na região sudeste o impacto negativo dessa concentração sobre as estruturas produtivas da região Nordeste criou novas questões sociais e políticas na região, como por exemplo a aceleração da migração em direção ao sudeste. A estagnação da economia nordestina, encarada sob a ótica dos desequilíbrios regionais, abriu caminho para a criação das regiões de planejamento.
A SUDENE, criada em 1959, foi o primeiro organismo permanente de planejamento regional brasileiro. Sua área de atuação ultrapassa os limites da região
A SUDENE, criada em 1959, foi o primeiro organismo permanente de planejamento regional brasileiro. Sua área de atuação ultrapassa os limites da região Nordeste, incluindo a região semi-árida do norte de Minas Gerais. O Nordeste da SUDENE, região de planejamento, e diferente do Nordeste do IBGE, base territorial para levantamentos estatísticos.
A estratégia de planejamento regional se intensificou na segunda metade da década de 60. Novos organismos de planejamento territorial foram criados nos primeiros anos da ditadura militar, definindo novas regiões de planejamento. Em 1966, foi a vez da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM);no ano seguinte, foi a vez da Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e da Superintendência para o Desenvolvimento do Sul (Sudesul).
Essa estratégia revela a forte centralização do poder político característica desse período, já que todos esses órgãos de planejamento estão subordinados ao governo federal.
Por meio dos órgãos de planejamento regional, o governo federal buscou atrair grandes conglomerados nacionais e multinacionais para as regiões menos dinâmicas do pais. A Amazônia e o Nordeste foram as principais regiões de planejamento.
A QUESTAO NORDESTINA
O Complexo Regional Nordestino e uma realidade recente na historia e na geografia brasileira. Ele e resultado da industrialização do pais e da integração do mercado interno. Em períodos históricos anteriores, existiram varias regiões geoeconomicas distintas nessa porção territorial do pais. A economia agroexportadora produziu no espaço brasileiro uma regionalização diferente daquela produzida pela economia urbano-industrial. Muitos "nordestes" conviveram no Nordeste brasileiro.
OS "NORDESTES" NA ECONOMIA AGROEXPORTADORA
Durante o período colonial, o território correspondente `a atual Região Nordeste abrigou realidades regionais distintas entre si. A economia açucareira praticada na Zona da Mata imprimia características geoeconomicas comuns no território que hoje corresponde aos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A cidade de Recife, elo de ligação entre os centros produtores e o mercado internacional, era o principal centro urbano e comercial da região.
Os atuais estados de Piauí, Ceara e Maranhão, nos quais predominavam atividades econômicas de pouca expressão, mantinham relações frouxas com esse complexo regional. Bahia e Sergipe, centros canavieiros importantes, também não eram considerados estados nordestinos: mantinham relações diretas com a metrópole, exportando seus produtos por meio de Salvador.
O final do século XIX assiste a emergência de duas outras regiões geoeconomicas no nordeste: a zona do algodão e da pecuária, no sertão semi-árido, e a zona policultora do Agreste, no contato entre a zona da mata e o sertão.
Enquanto a economia açucareira da Zona da Mata mostrava sinais de estagnação devido `a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas e no Caribe, o algodão se tornava um produto muito importante no mercado internacional.
A industria têxtil européia(principalmente inglesa) consumia grandes quantidades dessa matéria-prima. Muitas PLANTATIONS algodoeiras do sul dos Estados Unidos haviam sido arrasadas pela Guerra de Secessão (1861-1865). O semi-árido oferecia características ecológicas favoráveis ao cultivo de algodão têxtil. As condições não podiam ser mais propicias: O nordeste semi-árido se transformou em um imenso campo de algodão.
A estrutura produtiva desse "Nordeste algodoeiro-pecuário" apresenta diferenças marcantes daquelas vigentes no "Nordeste açucareiro". Em vez das imensas plantations, a paisagem do semi-árido era pontilhada por uma multidão de pequenos cultivos nos quais a cultura de algodão se combinava com as culturas de subsistência. Os camponeses eram, em geral, meeiros do grande fazendeiro pecuarista: plantavam nos latifúndios e pagavam o susufruto da terra em algodão. O latifundiário atuava como intermediário entre os trabalhadores, que produziam, e as multinacionais, que compravem, em especial a Sanbra, a Clayton e a Machine Cotton.
O crescimento da importância econômica do "Nordeste algodoeiro-pecuario" correspondeu ao aumento da preocupação do governo federal com o problema das secas periódicas que afetam a região. Durante a grande seca de 1877, D. Pedro II chegou a afirmar que "empenharia ate as jóias da Coroa, mas não permitiria que os sertanejos passassem fome". Em 1884, o governo imperial iniciou a construção do primeiro grande açude da região, em Quixada, no Ceara. Finalmente, em 1909, no governo de Nilo Pecanha, foi criada a Inspetoria Nacional de Obras Contra as Secas (IFOCS). A IFOCS, que mais tarde seria transformada em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), tinha como objetivo atuar no "Polígono das Secas",
no Sertão nordestino.
Nessa época, o DNOCS não atuava como um órgão de planejamento regional. Ele não pretendia modificar as estruturas produtivas do "Nordeste algodoeiro pecuário". Sua atividade principal era a construção de açudes e barragens nas terras dos grandes proprietários, que serviam basicamente para garantir o suprimento de água necessário para a sustentação do gado. Alem dos açudes, o DNOCS construiu também muitas das estradas da região, facilitando o escoamento do algodão.
Geralmente essas obras eram realizadas nos períodos de seca: os pequenos sitiantes e meeiros trabalhavam na construção das inúmeras barragens e estradas do DNOCS, recebendo apenas um pouco de comida como pagamento. As secas tornaram-se um negocio lucrativo: o trabalho dos pobres, remunerado pelo Estado, valorizava as propriedades dos ricos. Alem disso, o recrutamento para as frentes de trabalho, prerrogativa dos grandes fazendeiros, fortalecia o poder político desses "coronéis" do Sertão.
Na zona de contato entre o "Nordeste açucareiro" da Zona da Mata úmida e o "Nordeste algodoeiro pecuário" do Sertão semi-árido emerge uma terceira região: O Agreste. Nela, disseminaram-se as pequenas propriedades organizadas em torno da produção do algodão e das culturas alimentares de subsistência. Nas épocas de colheita da cana, os pequenos proprietários do Agreste se transformavam em cormbas, como são conhecidos os trabalhadores temporários nas plantations litorâneas. Essa função de fonte de mao-de-obra temporária para as plantações canavieiras da Zona da Mata caracteriza ainda hoje o Agreste, depois de quase um século.
O NORDESTE NA ECONOMIA NACIONAL
A industrialização do Centro-Sul e a integração do mercado interno golpearam de forma violenta as estruturas produtivas dos "nordestes" criados pela economia agroexportadora. A invasão das mercadorias industriais e agrícolas produzidas no centro dinâmico da economia nacional solapou a base das economias regionais nordestinas.
Alem do algodão herbáceo e da cana-de-açúcar, competidores diretos da economia sertaneja e da economia litorânea, a agricultura do Centro-Sul oferecia também alimentos produzidos a menores custos. Assim, os efeitos da integração nacional faziam-se sentir mesmo entre os pequenos meeiros, posseiros e sitiantes da Zona da Mata e do Agreste, dependentes da venda do excedente de suas culturas de subsistência aos mercados urbanos.
Para manter o mesmo padrão de rendimentos, essa multidão de pequenos cultivadores tinha como única alternativa ampliar a área de suas culturas e aumentar a produção. Entretanto, o Sertão caracterizava-se por apresentar a estrutura fundiária mais concentrada do pais, e os grandes latifundiários cobravam cada vez mais caro pelo usufruto de suas terras. O resultado foi a expulsão de militares de trabalhadores rurais e o acirramento dos conflitos fundiários em toda região.
A estagnação econômica e o acirramento dos conflitos fundiários estão na origem da estratégia de planejamento regional levada a efeito da SUDENE.
Os estudos técnicos que orientaram a criação da SUDENE analisavam a "questão nordestina" sob a ótica das disparidades regionais, criadas pela concentração espacial da industria brasileira no Centro-Sul. Segundo eles, a formação de um parque industrial moderno seria a redenção para os problemas nordestinos.
Assim, em 1961, a legislação federal que aprovou o Primeiro Plano Diretor da SUDENE instituiu um mecanismo de dedução de ate 50% do imposto de renda devido pelas empresas de capital nacional que aplicassem essa dedução em investimentos industriais no Nordeste. Dois anos mais tarde, os benefícios desse incentivo foram estendidos `as empresas transnacionais e aos empreendimentos agropecuários.
Atraídos pelos incentivos fiscais, grandes grupos econômicos nacionais e transnacionais implantaram unidades produtivas no Nordeste do pais. Recife, Salvador e Fortaleza se transformaram em pólos industriais importantes, produzindo principalmente bens intermediários e bens de consumo duráveis.
Entretanto, a implantação de industrias modernas não foi capaz de gerar empregos ou de melhorar o nível de vida das populações urbanas. O Setor Secundário, altamente capitalizado, absorve uma parcela restrita da mão-de-obra. Grande parte das mercadorias industrializadas produzidas no Nordeste são consumidas nos mercados do Centro-Sul.
Hoje, as velhas classe dominantes locais, os "coronéis" do Sertão e os "usineiros" da Zona da Mata (que, atualmente, abriga apenas alguns traço da Mata Atlântica original), sobrevivem `a custa de subsídios federais diretos e indiretos. No estado de Pernambuco, por exemplo, que ja foi um dos principais centros açucareiros do pais, a produtividade por trabalhador da agroindustria canavieira atinge pouco mais do que um quarto daquela registrada no estado de São Paulo. Os centros mais dinâmicos da economia regional, os pólos industriais, nao foram criados pelos capitais nordestinos e não produzem para os mercados nordestinos.
O Complexo Regional Nordestino, marcado pela disseminação da pobreza, pela repulsão populacional, pela baixa produtividade da agricultura e pela presença de pólos industriais voltados para os mercados extra-regionais, e resultado da integração nacional e da intervenção da SUDENE.
Escravidão no Brasil
Desenvolvendo-se no apogeu do mercantilismo, a economia do Brasil colonial se assentou sobre três pilares: a grande propriedade territorial, na qual se desenvolvia um empreendimento comercial destinado a fornecer a metrópole gêneros alimentícios (em particular a cana-de-açúcar) e os metais preciosos, onde se utilizava essencialmente a mão-de-obra escrava. A opção pelo trabalho escravo - no início da Idade Moderna - explica-se basicamente pela dificuldade de encontrar trabalhadores assalariados dispostos à imigração.
Além disso, seria difícil manter assalariados os semi-assalariados nas grandes propriedades: dada a disponibilidade de terras, eles poderiam tentar outras formas de vida - tornando-se artesãos, posseiros e pequenos agricultores, por exemplo - o que complicaria o fluxo de mão de obra para a empresa mercantil, na qual o grandes comerciantes e proprietários estavam associados à Coroa portuguesa e seus afilhados.
Escravização indígena
Em meados do século 16, quando a cana-de-açúcar começou a substituir o pau-brasil como o principal produto da Colônia, desenvolveram-se primeiramente tentativas de escravizar os índios. Entretanto, diversos fatores concorreram para o fracasso desse empreendimento: em primeiro lugar, o trabalho intensivo, regular e compulsório não fazia parte da cultura indígena, acostumado a fazer somente o necessário para garantir a sua sobrevivência, através da coleta, da caça e da pesca. Em segundo lugar, ocorria uma contradição de interesses entre os colonizadores e os missionários cristãos, que visavam catequizar os índios e se opunham à sua escravização.
Por sua vez, os índios também reagiam à escravização seja enfrentando os colonizadores através da guerra, seja fugindo para lugares longínquos no interior da selva onde era quase impossível capturá-los. Finalmente, há que se considerar que o contato entre brancos e índios foi desastroso para estes últimos no tocante à saúde. Os índios não conheciam - e portanto não tinham defesas biológicas - contra doenças como a gripe, o sarampo e a varíola, que os vitimaram às dezenas de milhares, provocando uma verdadeira catástrofe demográfica.
Negros africanos
Entretanto, os portugueses já contavam com uma outra alternativa em matéria de trabalho escravo. Desde a colonização da costa africana, no século 15, os portugueses já haviam redescoberto o trabalho escravo que desaparecera da Europa na Idade Média, mas que continuava a existir nas sociedades existentes na África. Desse modo, os portugueses já haviam montado uma rede de comércio negreiro, utilizando-se de escravos negros nas plantações de cana-de-açúcar em suas ilhas do Atlântico (Açores, Madeira).
Nem da parte da Coroa, nem da Igreja houve qualquer objeção quanto à escravização do negro. Justificava-se a escravidão africana utilizando-se vários argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se que essa era uma instituição já existente na África, de modo que os cativos "apenas" seriam transferidos para o mundo cristão, "onde seriam civilizados e teriam o conhecimento da verdadeira religião". Além disso, o negro era efetivamente considerado um ser racialmente inferior, embora teorias supostamente científicas para sustentar essa tese só viessem a ser levantadas no século 19.
Enfim, a partir de 1570 a importação de africanos para o Brasil passou a ser incentivada. O fluxo de escravos, entretanto, tinha uma intensidade variável. Segundo Boris Fausto, em sua "História do Brasil", "estima-se que entre 1550 e 1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino". Outros historiadores mais antigos como Pedro Calmon e Pandiá Calógeras falam em quantias que variam entre 8 e 13 milhões. Caio Prado Jr. cita 7 milhões.
Salvador e Rio de Janeiro
Os grandes centros importadores de escravos foram Salvador e depois o Rio de Janeiro. Cada um deles tinha sua organização própria e os dois concorriam entre si. O fumo produzido no Recôncavo baiano era uma valiosa moeda de troca, o que garantiu sua supremacia durante os primeiros séculos de colonização. À medida em o eixo econômico desviou-se para o sudeste com a descoberta de ouro em Minas Gerais, o Rio de Janeiro suplantou a Bahia e se firmou com o crescimento urbano da cidade no século 19.
Ainda de acordo com Boris Fausto, na obra citada, "costuma-se dividir os povos africanos em dois grandes ramos étnicos: os sudaneses, predominantes na África ocidental, Sudão egípcio e na costa do golfo da Guiné, e os bantos, da África Equatorial e tropical, de parte do golfo da Guiné, do Congo, Angola e Moçambique. Essa grande divisão não nos deve levar a esquecer que os negros escravizados no Brasil provinham de muitas tribos ou reinos, com suas culturas próprias. Por exemplo: os iorubas, jejes, tapas, hauças, entre os sudaneses; e os angolas, bengalas, monjolos e moçambiques entre os bantos".
Essas diferenças não devem deixar de ser mencionadas, principalmente, quando se pensa na diferença de influências culturais exercidas por esses diversos povos negros na vida e na cultura brasileira. O estudo dessas influências e a aculturação afro-brasileira, porém, são áreas que, na verdade, nossa história está começando a desbravar.
Resistência e quilombos
Não se deve pensar que os negros aceitaram docilmente a sua condição de escravos e que nada fizeram para resistir ao trabalho compulsório. Naturalmente, houve fugas individuais e em massa e a desobediência ou resistência se evidencia no uso das punições e castigos corporais muitas vezes cruéis, que vinha a se somar aos maus tratos naturalmente dispensados a seres que eram considerados pouco superiores aos animais.
Depois de comprado no mercado, o escravo podia ter três destinos principais: ser escravo doméstico, isto, é fazer os serviços na casa do senhor; escravo do eito, que trabalhava nas plantações ou nas minas; e escravo de ganho, que prestava serviços de transporte, vendia alimentos nas ruas, fazia trabalhos especializados como os de pedreiro, marceneiro, alfaitate, etc., entregando a seu senhor o dinheiro que ganhava.
Poucos anos de vida
Nas fazendas, principalmente, o escravo trabalhava de 12 a 16 horas por dia e dormiam em acomodações coletivas chamadas senzalas ou mesmo em palhoças. Sua alimentação consistia basicamente de farinha de mandioca, aipim, feijão e banana. O tempo de vida média útil de um escravo era de 10 a 15 anos, segundo muitos estudiosos.
De qualquer modo, apesar das fugas e da formação dos quilombos, dos quais se destacou Palmares no século 17, os escravos africanos ou afro-brasileiros como um todo não tiveram condições de abolir por conta própria o sistema escravocrata. Com a Independência, embora a questão da abolição tenha sido levantada, a escravidão continuou a vigorar no país até a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888 - como coroação de uma ampla campanha abolicionista.
Contudo, a abolição não significou o fim da exploração do negro no Brasil, nem a sua integração - em pé de igualdade - na sociedade brasileira, que ainda tem uma enorme dívida para com os descendentes dos escravos.
Mas o que é pior: apesar das leis e da consciência da maior parte da população mundial, ainda se encontram pessoas em várias partes do Brasil e do mundo que trabalham sem receber pagamento, ou seja, continua a existir escravidão hoje. De qualquer forma, atualmente isso é considerado um crime e quem o pratica, se for pego, recebe a punição que merece.
Além disso, seria difícil manter assalariados os semi-assalariados nas grandes propriedades: dada a disponibilidade de terras, eles poderiam tentar outras formas de vida - tornando-se artesãos, posseiros e pequenos agricultores, por exemplo - o que complicaria o fluxo de mão de obra para a empresa mercantil, na qual o grandes comerciantes e proprietários estavam associados à Coroa portuguesa e seus afilhados.
Escravização indígena
Em meados do século 16, quando a cana-de-açúcar começou a substituir o pau-brasil como o principal produto da Colônia, desenvolveram-se primeiramente tentativas de escravizar os índios. Entretanto, diversos fatores concorreram para o fracasso desse empreendimento: em primeiro lugar, o trabalho intensivo, regular e compulsório não fazia parte da cultura indígena, acostumado a fazer somente o necessário para garantir a sua sobrevivência, através da coleta, da caça e da pesca. Em segundo lugar, ocorria uma contradição de interesses entre os colonizadores e os missionários cristãos, que visavam catequizar os índios e se opunham à sua escravização.
Por sua vez, os índios também reagiam à escravização seja enfrentando os colonizadores através da guerra, seja fugindo para lugares longínquos no interior da selva onde era quase impossível capturá-los. Finalmente, há que se considerar que o contato entre brancos e índios foi desastroso para estes últimos no tocante à saúde. Os índios não conheciam - e portanto não tinham defesas biológicas - contra doenças como a gripe, o sarampo e a varíola, que os vitimaram às dezenas de milhares, provocando uma verdadeira catástrofe demográfica.
Negros africanos
Entretanto, os portugueses já contavam com uma outra alternativa em matéria de trabalho escravo. Desde a colonização da costa africana, no século 15, os portugueses já haviam redescoberto o trabalho escravo que desaparecera da Europa na Idade Média, mas que continuava a existir nas sociedades existentes na África. Desse modo, os portugueses já haviam montado uma rede de comércio negreiro, utilizando-se de escravos negros nas plantações de cana-de-açúcar em suas ilhas do Atlântico (Açores, Madeira).
Nem da parte da Coroa, nem da Igreja houve qualquer objeção quanto à escravização do negro. Justificava-se a escravidão africana utilizando-se vários argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se que essa era uma instituição já existente na África, de modo que os cativos "apenas" seriam transferidos para o mundo cristão, "onde seriam civilizados e teriam o conhecimento da verdadeira religião". Além disso, o negro era efetivamente considerado um ser racialmente inferior, embora teorias supostamente científicas para sustentar essa tese só viessem a ser levantadas no século 19.
Enfim, a partir de 1570 a importação de africanos para o Brasil passou a ser incentivada. O fluxo de escravos, entretanto, tinha uma intensidade variável. Segundo Boris Fausto, em sua "História do Brasil", "estima-se que entre 1550 e 1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino". Outros historiadores mais antigos como Pedro Calmon e Pandiá Calógeras falam em quantias que variam entre 8 e 13 milhões. Caio Prado Jr. cita 7 milhões.
Salvador e Rio de Janeiro
Os grandes centros importadores de escravos foram Salvador e depois o Rio de Janeiro. Cada um deles tinha sua organização própria e os dois concorriam entre si. O fumo produzido no Recôncavo baiano era uma valiosa moeda de troca, o que garantiu sua supremacia durante os primeiros séculos de colonização. À medida em o eixo econômico desviou-se para o sudeste com a descoberta de ouro em Minas Gerais, o Rio de Janeiro suplantou a Bahia e se firmou com o crescimento urbano da cidade no século 19.
Ainda de acordo com Boris Fausto, na obra citada, "costuma-se dividir os povos africanos em dois grandes ramos étnicos: os sudaneses, predominantes na África ocidental, Sudão egípcio e na costa do golfo da Guiné, e os bantos, da África Equatorial e tropical, de parte do golfo da Guiné, do Congo, Angola e Moçambique. Essa grande divisão não nos deve levar a esquecer que os negros escravizados no Brasil provinham de muitas tribos ou reinos, com suas culturas próprias. Por exemplo: os iorubas, jejes, tapas, hauças, entre os sudaneses; e os angolas, bengalas, monjolos e moçambiques entre os bantos".
Essas diferenças não devem deixar de ser mencionadas, principalmente, quando se pensa na diferença de influências culturais exercidas por esses diversos povos negros na vida e na cultura brasileira. O estudo dessas influências e a aculturação afro-brasileira, porém, são áreas que, na verdade, nossa história está começando a desbravar.
Resistência e quilombos
Não se deve pensar que os negros aceitaram docilmente a sua condição de escravos e que nada fizeram para resistir ao trabalho compulsório. Naturalmente, houve fugas individuais e em massa e a desobediência ou resistência se evidencia no uso das punições e castigos corporais muitas vezes cruéis, que vinha a se somar aos maus tratos naturalmente dispensados a seres que eram considerados pouco superiores aos animais.
Depois de comprado no mercado, o escravo podia ter três destinos principais: ser escravo doméstico, isto, é fazer os serviços na casa do senhor; escravo do eito, que trabalhava nas plantações ou nas minas; e escravo de ganho, que prestava serviços de transporte, vendia alimentos nas ruas, fazia trabalhos especializados como os de pedreiro, marceneiro, alfaitate, etc., entregando a seu senhor o dinheiro que ganhava.
Poucos anos de vida
Nas fazendas, principalmente, o escravo trabalhava de 12 a 16 horas por dia e dormiam em acomodações coletivas chamadas senzalas ou mesmo em palhoças. Sua alimentação consistia basicamente de farinha de mandioca, aipim, feijão e banana. O tempo de vida média útil de um escravo era de 10 a 15 anos, segundo muitos estudiosos.
De qualquer modo, apesar das fugas e da formação dos quilombos, dos quais se destacou Palmares no século 17, os escravos africanos ou afro-brasileiros como um todo não tiveram condições de abolir por conta própria o sistema escravocrata. Com a Independência, embora a questão da abolição tenha sido levantada, a escravidão continuou a vigorar no país até a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888 - como coroação de uma ampla campanha abolicionista.
Contudo, a abolição não significou o fim da exploração do negro no Brasil, nem a sua integração - em pé de igualdade - na sociedade brasileira, que ainda tem uma enorme dívida para com os descendentes dos escravos.
Mas o que é pior: apesar das leis e da consciência da maior parte da população mundial, ainda se encontram pessoas em várias partes do Brasil e do mundo que trabalham sem receber pagamento, ou seja, continua a existir escravidão hoje. De qualquer forma, atualmente isso é considerado um crime e quem o pratica, se for pego, recebe a punição que merece.
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